Lição depois colhida por Almada Negreiros, que sublinhava a diferença entreolhar e ver: olhar, todos olhamos, distraidamente, mas ver realmente visto é coisa de poucos. E Álvaro Ribeiro foi mais além, no seu prefácio de Os Painéis do Museu das Janelas Verdes, de José Luís Conceição Silva: «A obra de arte não é só para ver: é também para ler.» Agora Pedro Martins viu as obras de Grão Vasco e nelas leu o seu segredo - fez uma laboriosa decifração de obras próprias de um tempo em que diversas linguagens, a escrita no papel impresso (como Menina e Moça) mas também a inscrita nas pedras (o Mosteiro dos Jerónimos) ou a traçada nas tábuas pela arte dos que sabiam, como Grão Vasco, eram concebidas para mostrar escondendo, ocultando. O tempo do pensamento rigorosamente vigiado. Seguindo os caminhos abertos por António Telmo na História Secreta de Portugal e por Lima de Freitas em 515 - O Lugar do Espelho e nos estudos sobre Almada, numa linhagem nobre e contra a corrente (a que desconsidera sistematicamente a pintura portuguesa antiga), Pedro Martins parte de uma intuição de Pascoaes e revela-nos um Grão Vasco enquanto Fiel-do-Amor e guardião da «secular persistência de um ideal templário, joaquimita, franciscano e gibelino, sinal difuso, mas seguro, da existência de um projecto espiritual emanado da Igreja de João, a milícia templária da Ordem de Cristo: o Império do Espírito Santo». Este é um livro para ser lido com o olhar do coração.
O Segredo do Grão Vasco de Pedro Martins
Autor: Pedro Martins
ISBN: 9789896770785
Edição ou reimpressão: 06-2011
Editor: Zéfiro
Idioma: Português
Dimensões: 158 x 231 x 10 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 216
Tipo de Produto: Livro